O Caçador de Monstros

em segunda-feira, 22 de outubro de 2012




Quando se fala em Hugh Jackman, alguns automaticamente pensam em Wolverine. Eu penso em Van Helsing.

Este filme misturou de forma impecável vários monstros da literatura, num contexto elegante e muito bem intrincado.

Neste enredo, Van Helsing é colocado frente a frente com Dr. Jekyll transformado em Mr. Hyde, personagens criados por Robert Louis Stevenson em O Médico e o Monstro, além de lobisomens, e o monstro feito com partes de sete cadáveres criado por Victor Frankenstein, que nesta história teve suas experiências financiadas por Drácula.


Mr. Hyde

A história deste caçador de monstros sempre esteve atrelada à história do vampiro, desde o romance escrito por Bram Stoker. Mas este filme renovou a lenda, a começar pelo fato de que o nome do protagonista foi trocado. O Abraham Van Helsing do romance de Bram Stoker, se tornou Gabriel Van Helsing nesta versão, um homem que lutou contra Drácula no passado, e que depois de séculos desmemoriado tem finalmente a chance de destruí-lo.

Suas lembranças são um enigma. Van Helsing faz parte de uma sociedade secreta comandada pela Igreja Romana, e vive para perseguir e matar monstros de todos os tipos.



Drácula é perseguido há mais de quatrocentos anos por uma família de nobres ciganos, encabeçada agora apenas por Anna Valerious, já que seu irmão Velkan fora atacado por um lobisomem antes da chegada do herói.



Anna não é como a maioria das mocinhas de filmes de monstros, uma donzela em perigo, e talvez este seja o detalhe que tornou esta história tão espetacular. Sendo ela uma cigana, e tendo passado a vida toda perseguindo vampiros e lobisomens, seres extraordinariamente mais fortes que os humanos, a princesa é destemida e possui um incrível talento para a luta, podendo assim defender-se sozinha na maior parte do tempo.


Van Helsing, acompanhado do frade inventor e um tanto mundano Carl, chega ao vilarejo da Transilvânia em meio a um ataque das noivas de Drácula, que pretendem matar Anna, a última descendente da família Valerious, em cujas mãos está a missão de matar Drácula. Sua chegada não é bem vista, já que o povo da cidade está acostumado a conviver com os vampiros e a combatê-los sozinhos. Drácula e suas noivas matam apenas duas pessoas por mês, o suficiente para continuarem vivos. Mas agora que foram confrontados por Van Helsing, que conseguiu matar uma das noivas, Marishka – fato que em vez de alegrar a população causou uma revolta –, vão matar por vingança.

Depois de saber de quem se trata, Anna, meio a contragosto, decide aceitar a ajuda de Van Helsing. Ela o leva ao castelo de sua família, que outrora pertencera a Drácula. Antes de desaparecer há um ano, seu pai Von Valerious passava horas olhando para uma pintura na parede, onde se acreditava que seu antepassado Valerious, o Primogênito havia codificado o segredo para a porta que levava ao Covil de Drácula.

Neste filme, mostra-se o desejo do vampiro de dar vida aos milhares de filhos gerados por suas noivas durante quatro séculos. Como os vampiros são mortos-vivos, os filhos nascem mortos. Por isso Drácula financiou as experiências de Frankenstein, esperando que sua máquina pudesse vivificá-los. Quando achou que não precisava mais do doutor, Drácula o matou. No entanto, sua primeira experiência não deu certo, pois os filhos vivificados morreram em poucos minutos, e Drácula achou que Victor Frankenstein havia levado o segredo da vida para o túmulo.

Seu monstro ficou escondido durante um ano numa gruta sob o moinho queimado. Diferentemente do monstro criado por Mary Shelley em seu romance, este é inteligente, bondoso e extremamente religioso. Em seu primeiro encontro com Van Helsing, ele pede que o herói o mate, pois sabe que cedo ou tarde Drácula descobrirá que ele é a chave para a máquina de seu pai, e se permanecer vivo, Drácula o usará para dar vida duradoura à sua prole.

É a bondade de Van Helsing, que percebe sua essência boa e se recusa a matá-lo, que faz o monstro tomar gosto pela vida. Infelizmente, seus temores se concretizam, e ele é levado ao covil de Drácula para a experiência.

Então nos deparamos com mais uma releitura da lenda do vampiro mais famoso do mundo. Segundo esta história, Drácula é filho do antepassado de Anna, Valerious, o Primogênito, e foi assassinado em 1462 por alguém que foi referido apenas como “A Mão Esquerda de Deus”.  Morto, recebeu uma vida em que tinha que beber o sangue dos vivos para se manter. Horrorizado por ter gerado tal criatura, Valerious foi a Roma implorar perdão, e recebeu a missão que passou a todos os seus descendentes: matar Drácula. Mas Valerious não mataria o próprio filho, então o encerrou numa fortaleza gelada, e selou a porta. Foi então que Drácula recebeu asas.
Van Helsing recebera em Roma o pedaço que faltava da pintura e depois de restaurá-la, faz a leitura da senha para abri-la, e ela se transforma num espelho, que é o portal para a fortaleza.
Van Helsing, que havia sido mordido por Velkan, irmão de Anna, vai em busca de Drácula, enquanto Anna e Carl procuram o antídoto. Drácula mantém a cura escondida na fortaleza, pois a mordida de um lobisomem é a única coisa que pode matá-lo. Ele os tem usado como servos há séculos, mas se um deles tiver força suficiente para se rebelar, ele precisa torná-lo humano antes que o morda.


Daí em diante seguem-se incríveis cenas de luta e saltos, com todos os heróis balançando por cordas sobre o abismo para chegar ao outro lado da fortaleza, e a morte da última noiva e do ajudante de Frankenstein, Igor, que traiu o doutor e se bandeou para o lado de Drácula.

No último confronto, quando a lua se esconde tempo suficiente para Van Helsing voltar à forma humana para um último papinho com Drácula, este revela ao seu arqui-inimigo suas memórias perdidas: que fora ele, Van Helsing, a Mão Esquerda de Deus que tirou sua vida há 400 anos, e propõe um acordo, tentando salvar a própria pele. Mas assim que a lua ressurge, Van Helsing desfere a mordida fatal no pescoço do vampiro, matando-o e destruindo todos os filhos que ele gerou.



A cena mais grotesca do filme vem agora, quando Van Helsing, dominado pelo instinto de fera se atira contra Anna, que trouxe o antídoto que o libertará da maldição do lobisomem. Ela consegue injetá-lo em seu último instante, mas acaba sendo morta por ele.


Ele percebe que foi perdoado, quando as chamas da pira funerária de Anna sobem ao céu, e ela, depois de ser recebida por seu pai e seu irmão olha para Van Helsing e sorri, com uma lágrima escorrendo no rosto.

Os fatos mais curiosos sobre este filme, é que todos os monstros, exceto os lobisomens, foram criados no século XIX. Mesmo Drácula, cuja lenda nasceu de um príncipe romeno do século XV, teve sua história publicada no final do século XIX por Bram Stoker.



Embora tenha sido lançado como um filme de terror, Van Helsing é uma aventura de ação, divertida, bem humorada e só um pouco sinistra. E, usando um termo que virou moda, Van Helsing é um filme de vampiros muito melhor que Crepúsculo.

2 comentários:

  1. Esse filme é marvailhoso comm personagens , que mereciam uma serie pra contar suas histórias, Anna Vallerious é minha favorita.

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    1. Concordo. Foi realmente um roteiro muito bem construído, e que merecia, no mínimo uma continuação (convenhamos, filmes muito piores tiveram, rsrs).
      Seja sempre muito bem-vinda ao blog ;)

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