Da Série: Monstros do Cinema – ELE BEBEU NAS VEIAS DO SUCESSO

em quarta-feira, 16 de outubro de 2013




Este é provavelmente o personagem mais adaptado – e imitado! – da história do cinema. Criado por Bram Stoker, que se inspirara na história do príncipe romeno Vlad Tepes para compor seu romance, Drácula foi o primeiro monstro da era de ouro da Universal Pictures.


É claro que o estúdio já vinha investindo e se consolidando no gênero com os filmes protagonizados por Lon Chaney, mas foi só a partir da década de 1930 que a Universal passou a investir pesadamente nos filmes de terror.


A primeira adaptação cinematográfica da história do vampiro foi o filme alemão Nosferatu, de 1922. No entanto, os direitos autorais não eram plenamente compreendidos na época, ou não houve interesse do estúdio alemão em adquiri-los da viúva de Stoker, optando por mudar os nomes dos personagens no filme. Assim, o Conde Drácula foi chamado Conde Orlok, Mina Murray se tornou Ellen Hutter, Jonathan Harker tornou-se Thomas Hutter, e o Professor Van Helsing foi chamado Professor Bulwer.


Após um processo por violação de direitos autorais, a justiça ordenou que as cópias do filme fossem destruídas (o que resultaria num pecado mortal, artisticamente falando!). Porém, algumas cópias já distribuídas permaneceram guardadas até a morte da viúva de Stoker, quando foram restauradas e redistribuídas. Resumindo, só conhecemos esta maravilhosa obra do expressionismo alemão hoje, graças a cópias “piratas”. Uma grande ironia!



Nosferatu é até hoje a versão mais fiel do personagem Drácula descrito por Bram Stoker: um homem velho e alto, com nariz curvo como o bico de uma águia, orelhas pontudas, rosto estreito, grossas sobrancelhas, mãos finas, de dedos longos, unhas compridas e pontudas, e pele pálida. Embora Stoker tenha descrito uma bela cabeleira, rareando nas têmporas, mas abundante no resto da cabeça, o Conde Orlok foi retratado sem cabelo nenhum, conferindo à sua figura aparência semelhante à de um rato.

A mesma ideia foi utilizada nas primeiras aparições de Drácula no filme de 1992, interpretado por Gary Oldman, que depois de se alimentar com o sangue dos marinheiros do navio que o levou à Inglaterra, assim como no livro, mostrou considerável rejuvenescimento. Claro que, apesar de esta versão ser quase tão boa quanto às anteriores em vários aspectos, o trabalho de maquiagem é visivelmente inferior.

Apesar da forte iluminação no filme, que não priorizou nuances mais sombrias nas aparições do vampiro para lhe dar um aspecto mais apavorante, o monstro interpretado por Max Schreck em Nosferatu é até hoje uma das versões mais assustadoras do personagem.


Embora o filme alemão seja talvez a melhor “versão” da obra de Bram Stoker, sua primeira adaptação oficial só foi realizada em 1931 pela Universal, e foi o primeiro filme de terror sobrenatural falado, embora a ausência de trilha sonora durante o filme cause grande estranheza. Hoje isso não é tão notado, pois algumas versões restauradas inseriram trilha sonora em ao menos uma opção de áudio – versões em DVD possuem o áudio original em inglês com e sem trilha sonora.


Inicialmente, quando fez o projeto do filme, Carl Laemmle Jr., filho do fundador da Universal Pictures, queria que o vampiro fosse interpretado por Lon Chaney. Estava impressionado com os personagens de filmes de terror do cinema mudo que Chaney havia imortalizado, e queria ver – assim como o resto do mundo deve ter desejado – a versão de Chaney do vampiro de Bram Stoker. Porém, o ator faleceu subitamente em 1930, vítima de um câncer. Laemmle, então, se viu forçado a procurar um novo Drácula.


O ator escolhido, então, foi Bela Lugosi, um desconhecido do público americano, que já havia interpretado o vampiro no teatro.

Por ter sido rodado numa época de transição do cinema mudo para os filmes falados, Drácula foi originalmente produzido para se adaptar a ambos os formatos. Cópias da versão muda, com os tradicionais letreiros narrativos foram distribuídas igualmente às versões com áudio. Todavia, na versão muda o filme certamente perde o seu brilho.


O ator Bela Lugosi era húngaro, o que conferiu veracidade e um sotaque extremamente realista ao personagem.


Além disso, a criação de Lugosi foi um divisor de águas para o personagem. Ele imaginou Drácula como uma figura elegante e extremamente calma, com gestos lentos e fala pausada, estendendo a fonética em alguns momentos para lhe conferir um ar mais sombrio. Seu Drácula conseguia ir da calma absoluta a um soberbo ataque de fúria, e retornar à mesma calma em seguida.


Foi um trabalho cuidadoso e caprichoso. Não meramente uma representação de um personagem, lembrada apenas por ter sido a primeira. Bela Lugosi ensinou ao mundo como um vampiro deve ser, falar e se comportar. A imagem do vampiro de capa preta, cabelos lustrosos, e olhar penetrante tornou-se uma referência.


É notório que adaptações posteriores deixaram de ser inspiradas no livro, e passaram a usar como base o Drácula de Bela Lugosi.

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