Desafio #3: Filme ou Livro? Um Dilema Psicótico

em terça-feira, 25 de março de 2014



E aqui chegamos ao terceiro tópico da lista do desafio literário: Filme ou Livro? E como o próprio tema diz, a proposta era ler um livro cujo filme eu já tivesse visto.

As opções eram tentadoras, mas admito ter ficado extremamente feliz ao conseguir este exemplar. O desafio de março não poderia ter sido mais perfeito; simplesmente a obra que inspirou o clássico absoluto de Alfred Hitchcock: Psicose, de Robert Bloch.


Nem consigo calcular a quanto tempo eu estava procurando esse livro. Consegui uma tradução antiga; já houve pelo menos duas reformas ortográficas depois de sua impressão, mas a essência da história ainda estava ali. Toda a obsessão, toda a loucura, o apego insano de Norman Bates pela presença da mãe; sua personalidade doentia; a necessidade de se livrar de tudo o que poderia interferir em sua relação supostamente perfeita com a mãe; uma necessidade que parece ter sido desencadeada pela chegada de Mary Crane (Marion, no filme; talvez tenha sido erro de tradução no livro), a moça que fez aflorar, quem sabe pela primeira vez, algum desejo em Norman Bates. Um desejo perigoso que ele – ou a mãe, ou ambos – precisava castrar.

Vou lhes contar um fato impressionante que me aconteceu enquanto lia a cena do assassinato de Mary Crane, e que quase me provocou um mini ataque cardíaco.

Estava eu lendo:

 “Mary começou a gritar. Então a cortina se abriu totalmente e apareceu a mão empunhando uma faca de açougueiro. E foi a faca que, pouco depois, decepou-lhe o grito.
E a cabeça também.”

Neste exato momento, meu celular tocou. Qual é meu alerta de chamada? A canção sinistra da faca de psicose!

Tive um sobressalto. Numa lista infinita de coincidências mundo afora, esta poderia ser de longe a mais grotesca. Agradeci aos céus por não conhecer nenhuma Norma, porque, se conhecesse, na certa, seria ela me ligando.

Mas quem é que tem esse senso de oportunidade diabólico?

_A VIVO tem uma mensagem importante para você! Para ouvi-la, tecle... – disse a voz da gravação antes de eu mandá-la para... [insira complemento aqui]


Não teclei, óbvio. As mensagens importantes da operadora geralmente não são importantes. Só anúncios de promoções velhas que, na cabeça do pessoal do marketing, vão te interessar se eles te oferecerem 700 vezes!

Desculpem, me desviei do foco.

Como ia dizendo... Desliguei na cara da gravação. A suposta mensagem importante, decerto, não seria tão interessante quanto a leitura.

Reza a lenda, que na época em que rodou o filme, Alfred Hitchcock comprou todos os exemplares do livro em circulação nos Estados Unidos, para que ninguém soubesse o final da história de antemão.

E ele foi essencialmente fiel à obra ao filmá-lo. De uma maneira que eu acredito nunca ter visto em outro filme.

É impossível – se fosse essa a proposta do desafio – decidir qual é melhor: o livro ou o filme, no caso de “Psicose”. Porque ambos mostram a história de maneira coerente, com riqueza de detalhes.

O livro foca em um acontecimento por vez; ora nos levando a acompanhar Norman Bates no motel, ora acompanhando Mary Crane, e depois da morte dela, sua irmã Lila, e o noivo de Mary, Sam Loomis, ou o detetive Arbogast. Cada cena é incrivelmente detalhada, não se perde um único passo dos personagens, e parece ter sido escrito por uma mente verdadeiramente detalhista; tão detalhista como a mente de um psicopata.

O filme, do mesmo modo, retrata as cenas com detalhes, com o cuidado primoroso de seu laureado diretor.

Eu penso que não se conhece realmente uma história até ler o livro: até ter contato com a palavra escrita. Porque geralmente muita coisa fica de fora do filme: cenas são cortadas, diálogos reduzidos, frases são trocadas... Sem falar que às vezes a emoção descrita no livro não é a mesma que se vê no filme. Por isso eu prefiro sempre conhecer os dois lados da moeda, para ter a história inteira na minha cabeça.

No caso de Psicose, ambos, livro e filme, tiveram o cuidado de explorar as mesmas emoções – ou ausência delas –, e imprimir tudo de uma forma bem específica, cada um à sua maneira.





NOTA: Não estou participando oficialmente do desafio, porque não tenho certeza se vou cumprir todos os tópicos. Apenas embarquei na brincadeira, mas clandestinamente, por isso não há autolinks das minhas resenhas no blog que lançou a ideia.


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