Desafio #14: Quando Uma Mulher Segura a Pena...

em sábado, 31 de janeiro de 2015


Acho que de certo modo, eu complico um pouco mais os temas do Desafio Literário do que seria natural. Porque alguns deles são bem simples, e talvez justamente por isso, eu precise me desafiar um pouco mais. Então, ao optar pelo tema “escrito por uma mulher”, pensei em fugir dos tradicionais romances. Afinal, boas autoras não escrevem apenas histórias de amor (tomem como exemplo a autora que vos fala, pois já me aventurei até nos romances policiais). Foi pensando nisso, e também na proposta da Tati de explorar aquilo que já temos na estante, que comecei a procurar algo atraente e fora do lugar-comum.


Foi assim que acabei encontrando, soterrado na minha – cada vez maior – biblioteca digital, “A Mulher de Preto”, da autora britânica Susan Hill, e que deu origem ao filme homônimo, protagonizado por Daniel Radcliffe (o eterno Harry Potter).


 
A Mulher de Preto
Título Original: The Woman in Black
Autora: Susan Hill
Editora: Record
Páginas: 208
Gênero: Terror
Sinopse:
O jovem advogado Arthur Kipps, foi enviado à cidade mercante de Crythin Gifford para verificar os documentos e os papéis particulares da recém-falecida Sra. Alice Drablow, uma viúva idosa que vivia sozinha na solitária e afastada Casa do Brejo de Enguia. Enquanto trabalha na casa, Kipps começa a descobrir seus trágicos segredos. A situação piora quando ele entende que o vilarejo é refém do fantasma de uma mulher magoada, em busca de vingança.


Apesar de ser uma cinéfila declarada, ainda não vi o filme, e sinceramente não consigo me lembrar quando foi que comprei esse livro (sabe aquela pessoa que tem a mania de comprar mais livros do que consegue ler? Essa sou eu!). Provavelmente, o título estava na minha biblioteca há muito tempo, esperando por uma oportunidade para finalmente ser apreciado.

E caiu como luva!

A princípio, fiquei um pouco desapontada com a leitura. Já mencionei aqui que sou um tanto obcecada – talvez até um pouco exigente – com o começo dos livros. E o primeiro capítulo de “A Mulher de Preto” soou um tanto tedioso para o meu gosto. Mais ou menos na metade do segundo capítulo, quando eu estava prestes a vasculhar minha biblioteca outra vez e selecionar outro livro para a resenha do desafio (não que eu pretendesse abandonar “A Mulher de Preto”. Naturalmente, eu concluiria a leitura, de qualquer modo, mas não me sinto inclinada a resenhar um livro se não tenho nada de bom para falar dele), me deparei com um diálogo que parecia promissor, em que o Sr. Bentley, chefe do protagonista Arthur Kipps na empresa de advocacia em Londres, o incumbia de ir até uma cidade remota no interior da Inglaterra para examinar os papéis de uma cliente recém-falecida, que, até onde ele sabia, era idosa, viúva e solitária, não tinha filhos, e vivia numa casa isolada de nome bastante peculiar, e de difícil acesso. Não foi o teor da conversa, na verdade, o que cativou meu interesse (de fato, não há nada de muito original em uma viúva idosa e solitária, recém-falecida, e com um testamento para ser avaliado em um lugar estranho e remoto, no enredo de uma novela de terror). Mas ao mesmo tempo, essa parece ser uma receita infalível para ativar aquele botão no cérebro do leitor, que, uma vez ativado, prende sua atenção na história, ainda que tudo pareça apontar para o óbvio; um botão sensível e extremamente difícil de desligar, chamado “curiosidade”!

Vou tomar emprestadas as palavras do filme Lisbela e o Prisioneiro para explicar esse interesse repentino por um livro de que eu já estava quase desistindo: “a graça não é saber o que acontece; mas como acontece, e quando acontece”. Mesmo o clichê pode se revelar interessante, dependendo do contexto.

Isto posto, o diálogo não tão original acabou se mostrando suficiente para capturar minha atenção, e me convencer a dar mais uma chance à Susan Hill e sua novela de terror.

E realmente, não há grandes novidades no enredo de A Mulher de Preto. É uma história clichê de fantasma, em que se pode prever o que vai acontecer quase o tempo todo. Aqui e ali, algum acontecimento se revelou um pouco diferente do que eu havia imaginado, e mesmo assim, sem grandes surpresas. No entanto, não significa que não tenha sido impressionante de algum modo. A descrição dos cenários – e especialmente da área pantanosa, com sua beleza estranha – é extremamente realista e bem feita, e permite vê-los com clareza na mente; a maior parte das reações do protagonista aos acontecimentos extraordinários, também, são o oposto do esperado, e o constante duelo entre medo e superação não decepcionam.

Eu fiquei com duas perguntas sem resposta ao concluir a leitura, mas ainda assim, de nenhuma maneira decepcionada com a história. Não é um terror que causa pesadelos, mas é um bom livro. E me impressionou, principalmente, pela maneira intensa como a autora mergulhou na mente do protagonista, para exprimir todas as emoções e tormentos, de uma maneira tão genuinamente masculina, e ao mesmo tempo, sem abrir mão da sensibilidade que somente boas autoras possuem.

Quem disse que boas histórias de terror não podem ser contadas por mulheres?


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